O zagueiro Breno foi condenado a três anos e nove meses de detenção por ter colocado fogo na própria casa, na Alemanha, em setembro do ano passado. A decisão foi revelada nesta quarta-feira no Tribunal de Justiça de Munique pela juíza Rozi Datzmann, que considerou ter provas para considerar que o jogador de 22 anos, revelado pelo São Paulo, provocou o incêndio de propósito. A pena é imediata e o mandado de prisão já foi enviado para o atleta.
- Peço desculpas por aquela noite. Sou uma pessoa que acredita em Deus e agradeço a Ele por ter protegido a minha família. Eu sei que tudo é muito difícil no momento e eu prometi ao tribunal que eu não vou fugir - disse Breno após ouvir a decisão da juíza.
Casado com Renata e pai de dois meninos e uma menina, o zagueiro também pediu desculpas aos filhos:
- Sei que eu não era um bom modelo.
As sessões do julgamento vinham acontecendo às terças e quartas e estavam previstas para acabar apenas no próximo dia 17, mas as provas levadas ao tribunal anteciparam a decisão da juíza. Breno está sem contrato com o Bayern desde 30 de junho. Segundo informações da imprensa europeia, o Lazio, da Itália, estava interessado na contratação do zagueiro e poderia acertar com o atleta caso ele fosse inocentado.
Breno, que disputou as Olimpíadas de 2008 com a Seleção em Pequim e foi medalha de bronze, foi negociado pelo São Paulo com o Bayern em 2008 por € 12 milhões (R$ 30 milhões atualmente). O jovem nunca se firmou no time de Munique, sofreu com lesões e chegou a ser emprestado ao Nuremberg em 2010.
Breno demonstrava calma no julgamento
O GLOBOESPORTE.COM acompanhou um dia de julgamento do zagueiro, terça, em Munique. O jogador de 22 anos aparentava estar calmo o tempo todo e sempre contava com a ajuda de uma intérprete para entender o que era dito, já que nunca foi fluente em alemão.
Na terça, o médico Aachen Henning Sass afirmou que o zagueiro bebia regularmente e que no dia do incidente havia ingerido uma garrafa de uísque, cinco a 10 cervejas e vinho do Porto. Quando ficou detido pela primeira vez, durante 13 dias, após o ocorrido, Breno recebeu a visita da legista Jutta Schopfer, que afirmou que o atleta tinha 2,5 ml de álcool no sangue, no dia do exame, mas que isso não seria motivo para não se lembrar de nada no dia do ocorrido. O zagueiro não teria respondido a nenhuma pergunta feita por Jutta e a única coisa que disse foi que não se lembrava de nada no dia do incêndio. A juíza então insistiu no assunto e várias perguntas foram feitas para a legista. Drogas não foram encontradas no sangue do brasileiro.
Em sua defesa, o advogado de Breno, Werner Leitner, afirmou que o jogador tomou um medicamento chamado "Stilnox", remédio forte para dormir, que não pode ser misturado com álcool, e por isso não se lembrava de nada que acontecera naquela noite do incêndio. Esse medicamento teria sido dado por um médico do Bayern de Munique.
Um diretor esportivo do clube, que esteve presente no tribunal nesta quarta, afirmou que no clube não há remédios para dormir e que portanto nenhum medicamento teria sido dado ao jogador. Breno afirmou em seu depoimento que bebeu demais e fumou alguns cigarros também, por isso teria entregado três isqueiros para a polícia.
Vizinho critica zagueiro: 'No Brasil, acaba tudo em pizza'
Vizinho de Breno no bairro de Grunwald, onde a casa pegou fogo, Klaus Popping criticou o jogador e afirmou que o pensamento do zagueiro estava no Brasil na hora do incidente.
- Ele deve ter achado que estava no Brasil e que nada iria acontecer. No Brasil, se a pessoa é rica, ela dá dinheiro e consegue tudo. No final acaba tudo em pizza. Aqui na Alemanha é mais sério e rígido. A justiça daqui não está levando em consideração que ele é famoso e jogador de futebol. Mas mesmo assim espero que ele receba apenas dois anos para não ter a vida destruída – afirmou o vizinho do bairro de Grunwald.
A esposa do jogador, Renata, não compareceu nenhum dia ao julgamento. Em uma das sessões, a juíza revelou gravações de conversas telefônicas de Renata com um amigo logo após o incidêndio, quando a brasileira teria dito que "satanás havia tomado conta do corpo de Breno" na hora do incidente.
Policiais que chegaram na casa de Breno durante o incêndio afirmaram que o jogador estava completamente fora de si, que corria pela casa e que gritava "schaise" ("merda" em alemão). Disse ainda que tudo na sua vida estava ruim e que a única coisa que conseguiu fazer foi salvar os cachorros.
Breno, que perdeu tudo no incêndio, inclusive os passaportes de toda a família, não pôde sair da Alemanha sequer para visitar parentes no Brasil. Na época do fogo, o zagueiro, a mulher e os filhos chegaram a ficar sem roupas, sapatos e objetos pessoais. A família foi ajudada pelo companheiro de clube, o lateral-direito Rafinha, que além de ter dado roupas, ainda os recebeu em casa logo após o incêndio. O ex-atleta do Coritiba chegou a afirmar que Breno era um “cara tranquilo até demais” e disse não entender o que teria acontecido. O zagueiro também teria ficado em depressão por não estar jogando (por problemas no joelho) e foi cogitada a hipótese de um incêndio proposital para o jogador receber o dinheiro do seguro da casa, já que na Alemanha, quando o atleta fica um tempo sem jogar, ele para de receber salários do clube e passa a ganhar uma espécie de seguro no valor de € 5 mil, cerca de R$ 12 mil.
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