domingo, 22 de setembro de 2013

Merkel bate previsões e vence eleições com seu melhor resultado

A chanceler alemã, Angela Merkel, superou neste domingo todas as previsões e alcançou seu melhor resultado eleitoral, com cerca de 42% dos votos, embora não poderá contar para governar com seu atual aliado, o Partido Liberal, que ficaria sem cadeiras, segundo pesquisas de boca-de-urna divulgadas após o fechamento das urnas.


A coalizão formada pela União Democrata-Cristã e a União Social-Cristã da Baviera (CDU/CSU) obtiveram segundo as projeções divulgadas pela televisão pública "ARD" 41,7% dos votos.
O Partido Social-Democrata (SPD), liderado por Peer Steinbrück, obteve 25,6%, apenas dois pontos e meio a mais do que o péssimo resultado de quatro anos.
Só haverá outras mais duas forças no Bundestag (Parlamento) e ambas perderam apoio entre o eleitorado: A Esquerda, que aglutina ex-comunistas e dissidentes do SPD, ficaria com 8,6% dos votos; e os Verdes obteriam 8,3%.
Com resultados apertados entre os democratas-cristãos e o bloco opositor, Steinbruck desfez a única incógnita que podia ameaçar um novo mandato de Merkel: embora os três partidos de oposição tenham conseguido a maioria das cadeiras, o SPD não se aliará com A Esquerda, partido que considera "não apto" para governar.
"A bola está agora com Merkel. Ela deve ver como fará para conseguir uma maioria", desafiou o candidato social-democrata após a parabenizar pelo resultado.
Merkel, entre gritos de "Angie, Angie" e diante da comemoração de simpatizantes reunidos na sede da CDU, comemorou o "excelente" resultado conseguido por seu partido e seu parceiro de coalizão e disse que "atuará com responsabilidade" perante o "claro mandato" obtido para governar por mais quatro anos.
"Agradeço a confiança depositada. Amanhã abordaremos no partido a situação, com os resultados nas mãos, mas hoje é momento de celebrar", disse a chanceler, tentando adiar o inevitável debate sobre qual será sua opção de governo para garantir uma legislatura estável.
A principal surpresa nas eleições realizadas hoje, apesar do precedente da votação de semana passada na Baviera, foi a saída do Parlamento do Partido Liberal (FDP).
Este tradicional partido, presente em 17 dos 22 governos federais da Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial, ficaria com 4,7% dos votos e não chegaria ao mínimo de 5% necessários para conseguir uma vaga no Parlamento.
As opções de Merkel estão portanto limitadas: ou governar em minoria (algo que nunca ocorreu no país), ou se aliar com os Verdes, que em sua campanha se aproximaram dos sociais-democratas, ou reeditar a "grande coalizão" com o SPD, com a qual governou durante sua primeira legislatura (2005-2009).
Na ocasião Steinbrück foi seu ministro das Finanças, mas o hoje candidato perdedor deixou claro que não fará parte de um grande governo de coalizão.
Segundo as projeções de voto, os eurocéticos do Alternativa pela Alemanha (AfD) ficariam a apenas dois décimos de conseguir cadeiras no Parlamento, e com isso o partido constatou, apenas sete meses após sua criação, que seu projeto de saída voluntária do euro dos países em crise tem apoio entre os eleitores.
Já o partido das Piratas, após várias eleições bem sucedidas em nível regional, ficou sem nenhuma perspectiva de entrar no Parlamento federal, ao obter apenas 2,2% dos votos.
Merkel, que ganhou sua primeira eleição com 35,2% dos votos e as segunda com 33,8%, não só melhorou seu porcentual mas obteve o melhor resultado dos democratas-cristãos nas últimas duas décadas.
Os eleitores alemães voltaram a depositar a confiança em uma mulher que não duvidou em reconhecer que boa parte do milagre da Alemanha, capaz de enfrentar a crise que atingiu outros países europeus, deve-se à importância das reformas estruturais aprovadas por seu antecessor, o social-democrata Gerhard Schröder.
Com a taxa de desemprego mais baixa das últimas duas décadas e contas públicas saneadas, os eleitores confirmaram as teses dos analistas: a Alemanha não quer mudança.
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sábado, 21 de setembro de 2013

Em disputa acirrada, Merkel encerra campanha pedindo mandato forte

Alemães votam no domingo em eleição legislativa. Pesquisas indicam vitória apertada de chanceler, que pode ser obrigada a fazer coalizão com oposição

"Muitas pessoas não vão se decidir até o último minuto. Agora é hora de alcançar todo eleitor indeciso e conseguir o seu apoio", afirmou Merkel
"Muitas pessoas não vão se decidir até o último minuto. Agora é hora de alcançar todo eleitor indeciso e conseguir o seu apoio", afirmou Merkel (Tobias Schwarz/Reuters)
A chanceler alemã, Angela Merkel, encerrou a campanha de reeleição neste sábado pedindo a seus eleitores que concedam a ela um mandato forte, na véspera das eleições legislativas nas quais é a favorita para seguir à frente do Executivo. Com um terço dos 62 milhões de eleitores ainda indecisos e o emergente partido Alternativa para a Alemanha (AfD) mostrando impaciência com os pacotes de auxílio financeiro da zona do euro, Merkel corre o risco de cumprir seu terceiro mandato em uma estranha coalizão de direita-esquerda.
Aclamada por 4.000 militantes da União Democrata-Cristã (CDU) que carregavam cartazes com a palavra "Angie", a chanceler pediu o mandato forte para "seguir servindo nos próximos quatro anos a Alemanha, um país respeitado na Europa que defende seus interesses, mas também é amigo de muitos países".
Em VEJA: Tarefa de Merkel é mudar o que está dando certo para algo ainda melhor
"Muitas pessoas não vão se decidir até o último minuto. Agora é hora de alcançar todo eleitor indeciso e conseguir o seu apoio", afirmou Merkel a seus partidários em Berlim, antes de voar para o seu colégio eleitoral, na costa báltica, para um último ato da campanha.
No discurso, a chanceler não citou o Alternativa para a Alemanha (AfD), legenda criada em fevereiro que ascendeu nos últimos sete meses e que defende a saída da Alemanha da zona do euro e a restauração do marco alemão. O rápido crescimento do AfD nas pesquisas forçou o CDU a mudar de tática na última hora. Depois de ter ignorado o rival, o partido recrutou nesta semana o respeitado ministro das Finanças, Wolfgang Schaeuble, para atacar a legenda, classificando-a como "perigosa" para a economia alemã. O resultado alcançado pelo AfD é uma das expectativas da eleição que mais dá espaço para surpresas.
Já Merkel passou metade de seu discurso defendendo a União Europeia, que tinha sido largamente ignorada na campanha pelo fato do partido União Democrata-Cristã e o Partido Social Democrata (SPD), de oposição, concordarem em grande parte sobre a melhor forma de combater a crise.
Disputa acirrada - Segundo uma pesquisa divulgada neste sábado, os conservadores de Merkel (CDI e o partido bávaro CSU) obteriam 39% dos votos e o partido liberal FDP 6%. A oposição social-democrata do SPD alcançaria 26%, e seus aliados Verdes 9%. A esquerda radical Die Linke também conseguiria 9%.
Somando votos, a coalizão de Merkel (CDU, CSU e FDP) obteria 45%, um ponto a mais que a oposição (SPD, Verdes e esquerda radical), com 44%. No entanto, o SPD descartou formar governo com a esquerda radical.
"O suspense persiste até o fim. A corrida entre partidos do poder e partidos da oposição é muito acirrada", disse o chefe do instituto Emnid, que fez a pesquisa, Klaus-Peter Schoppner. O atual parceiro de Merkel, o FDP (Partido Liberal), uma agremiação apoiada pelo empresariado do país, vem encolhendo nos últimos anos e corre o risco de não conseguir os 5% mínimos para entrar no Bundestag, o parlamento alemão. Em 2009, o FDP conseguiu 14,6% dos votos, mas desta vez pesquisas o mostram no limite do mínimo necessário.
Uma maioria governista é formada a partir de 45,5% dos votos, e, como raramente um partido consegue alcançar esse patamar, os governos alemães acabam sendo formados por meio de coalizões.
A sangria de votos do FDP pode levar Merkel a ter que se voltar justamente para o Partido Social-Democrata (SPD) no plano nacional, e voltar a formar uma chamada Grosse Koalition – como os alemães chamam as coalizações entre os grandes partidos do país – como a que existiu entre 2005 e 2009. Há vários dias, o cenário mais citado nos jornais é justamente o de uma grande coalizão entre os conservadores de Merkel e os sociais-democratas.