Alemanha abandonará energia nuclear
Governo quer desativar usinas do país até 2022; algumas, porém, podem ficar em stand-by para evitar desabastecimento
Gestão Angela Merkel mudou de posição após acidente no Japão; 80% dos alemães são contra uso de energia atômica
Ativista no alto do portão de Brandemburgo,em Berlim, durante
ato contra a política nuclear do governo, anteontem
CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM
A Alemanha anunciou ontem um plano para pôr fim definitivo ao uso de energia nuclear até 2022, no que está sendo chamado no país de uma "virada energética".
Cerca de 22% da energia produzida na Alemanha hoje é de origem nuclear. Com a mudança, fontes renováveis passarão a responder por 35% da produção -o dobro do percentual atual. O restante virá principalmente de fontes como carvão e gás.
O plano foi anunciado pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, após reunião entre os partidos que integram a coalizão da chanceler (premiê) Angela Merkel. A ideia é que a proposta seja formalizada pelo gabinete na semana que vem e submetida ao Parlamento.
"Não é nada mais, nada menos que uma revolução. Temos a chance de ser a primeira nação industrial a fazer a transição para a energia renovável", disse Merkel.
Pelo plano, as 17 usinas nucleares do país serão desativadas até 2021. Há, porém, possibilidade de extensão por um ano para três delas.
Além disso, as sete usinas cujas atividades haviam sido congeladas por três meses em março, após o acidente nuclear em Fukushima (Japão), já não voltam a operar. Uma usina que estava parada desde acidente em 2009 também será desativada.
Trata-se das instalações mais antigas no país. Porém ao menos uma delas ficará em stand-by também, para um eventual desabastecimento. As demais nove usinas serão desligadas ao longo dos próximos dez anos.
O plano representa uma reversão da posição tradicional da chanceler sobre energia nuclear. Em 2010, seu governo decidira prolongar em 12 anos, em média, a vida útil das usinas mais antigas.
O acidente de Fukushima - somado ao temor de novas derrotas nas eleições estaduais deste ano, como a que ocorreu em Baden-Württemberg em março- provocou a guinada. Cerca de 80% dos alemães são contrários à utilização de energia nuclear.
CONTROVÉRSIAS
Para Hans-Joachim Ziesing, analista sênior do Instituto Ecológico, embora a decisão seja "muito importante", ela precisa ser acompanhada de medidas como um programa de expansão do uso da energia renovável.
Outros analistas afirmam que o maior uso do carvão pode significar que, no longo prazo, a Alemanha e o mundo se tornem "mais sujos".
A imprensa alemã fala do risco de alta das tarifas, de desabastecimento no inverno e de indenizações bilionárias por parte das quatro empresas que administram as usinas. O governo ainda não decidiu o que fará dos reatores depois de desativá-los.
Próximo Texto: Impacto do plano vai ser positivo, afirma analista
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Governo quer desativar usinas do país até 2022; algumas, porém, podem ficar em stand-by para evitar desabastecimento
Gestão Angela Merkel mudou de posição após acidente no Japão; 80% dos alemães são contra uso de energia atômica
Michael Gottschalk - 29.mai.2011/ Associated Press |
ato contra a política nuclear do governo, anteontem
CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM
A Alemanha anunciou ontem um plano para pôr fim definitivo ao uso de energia nuclear até 2022, no que está sendo chamado no país de uma "virada energética".
Cerca de 22% da energia produzida na Alemanha hoje é de origem nuclear. Com a mudança, fontes renováveis passarão a responder por 35% da produção -o dobro do percentual atual. O restante virá principalmente de fontes como carvão e gás.
O plano foi anunciado pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, após reunião entre os partidos que integram a coalizão da chanceler (premiê) Angela Merkel. A ideia é que a proposta seja formalizada pelo gabinete na semana que vem e submetida ao Parlamento.
"Não é nada mais, nada menos que uma revolução. Temos a chance de ser a primeira nação industrial a fazer a transição para a energia renovável", disse Merkel.
Pelo plano, as 17 usinas nucleares do país serão desativadas até 2021. Há, porém, possibilidade de extensão por um ano para três delas.
Além disso, as sete usinas cujas atividades haviam sido congeladas por três meses em março, após o acidente nuclear em Fukushima (Japão), já não voltam a operar. Uma usina que estava parada desde acidente em 2009 também será desativada.
Trata-se das instalações mais antigas no país. Porém ao menos uma delas ficará em stand-by também, para um eventual desabastecimento. As demais nove usinas serão desligadas ao longo dos próximos dez anos.
O plano representa uma reversão da posição tradicional da chanceler sobre energia nuclear. Em 2010, seu governo decidira prolongar em 12 anos, em média, a vida útil das usinas mais antigas.
O acidente de Fukushima - somado ao temor de novas derrotas nas eleições estaduais deste ano, como a que ocorreu em Baden-Württemberg em março- provocou a guinada. Cerca de 80% dos alemães são contrários à utilização de energia nuclear.
CONTROVÉRSIAS
Para Hans-Joachim Ziesing, analista sênior do Instituto Ecológico, embora a decisão seja "muito importante", ela precisa ser acompanhada de medidas como um programa de expansão do uso da energia renovável.
Outros analistas afirmam que o maior uso do carvão pode significar que, no longo prazo, a Alemanha e o mundo se tornem "mais sujos".
A imprensa alemã fala do risco de alta das tarifas, de desabastecimento no inverno e de indenizações bilionárias por parte das quatro empresas que administram as usinas. O governo ainda não decidiu o que fará dos reatores depois de desativá-los.
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